domingo, março 19, 2006

Sonnet LVII

Sonnet LVII
William Shakespeare
Escravo vosso sendo a toda hora e momento,
Que farei que não seja ordens vossas cumprir?
De tempo precioso a gastar não disponho
Nem serviço a prestar tenho que não a vós.
Não ouso censurar o tempo que não finda,
Quando olhando o relógio, ó rei, eu vos espero,
Nem amargura achar nos rigores da ausência,
Quando fizestes vós as vossas despedidas.
Nem ouso, enciumado, indagar onde estais
Ou supor tudo quando andais vós a fazer,
Mas, triste escravo, espero, e só posso pensar
Em quão feliz é quem perto de vós está:
E tão louco é o amor que no vosso desejo
Não vê mal, nem censura os prazeres que tendes