sábado, junho 03, 2006

CHEGAR

Quando Dono de mim chegar estarei de quatro a porta a esperar. Reservarei alguns sons perfumados, onde o tempo traduza a paralisia do momento e congele a felicidade.Saberei sonhar uns sonhos de futuro, de uníssonas estátuas derramadas em cachoeiras de suor ofegante, surreais aquarelas de segredos baixinhos, desimportantes e vitais; mais e mais e mais e mais adições, gestos, mímicos soslaios instantâneos — a moradia do poema.
Quando Senhor de mim chegar trarei no coração o mapa do medo e desejo, não saberei mensurar o tamanho dum tal êxtase esquisito, quiçá ridículo, da minha emoção deliberada e nem o do imenso rio que terei de navegar. Das vontades de agrada-lo infinitamente.
Quando Dono chegar o sorriso brilhará, a carne extenuará, a cabeça entrará num feroz carrossel, rodopiará deslumbrada, mas alerta e vigilante do meu futuro entre abraços macios, cafunés intermináveis e pernas sobre pernas; braços entre pernas, braços sobre braços, faces em face, bocas de peitos, peitos sobre peito, mãos no entorno de costas, costas e língua, salivas e línguas, odores e línguas, língua fundida em língua, mãos ansiosas de mãos, tudo em tudo, tudo sobre tudo, tudo entre tudo, tudo no entorno de tudo, tudo ansioso de tudo.
Quando DONO e SENHOR de mim chegar o farei o mais FELIZ de todos os HOMENS.
Tua
AD_[Denise]