quinta-feira, dezembro 27, 2007

Está na Chuva



Está na Chuva

Toda vez

Que a chuva cai

Eu fecho meus olhos e escuto.

Sou capaz de ouvir o som solitário

Do céu enquanto ele chora.

Escute a chuva

Aqui está ela novamente

Ouça isto (o choro) na chuva.

Sinta o toque

Das gotas que caem

Elas não vão cair pra sempre

Da (mesma) maneira que o dia flui

Todas as coisas vêm,

Todas as coisas vão.

Escute a chuva

...a chuva...

Aqui está ela novamente

...novamente...

Ouça isto (o choro) na chuva

.... a chuva...

Tarde da noite

Eu fico a deriva

– Consigo ouvir você chamando

E o meu nome

Está na chuva

Folhas em árvores sussurrantes

Mistérios de profundos mares azuis.

Até quando esse momento termina,

não consigo me livrar dessa sensação

Tudo

Vai voltar outra vez

No som,

Caindo,

Do céu enquanto ele chora

Escute o meu nome na chuva.

Enya
Composição: Roma Ryan




Tradução de Dayan Vernum

segunda-feira, dezembro 24, 2007

Essa luz do teu olhar


Tira-me as lembranças...
Os dias lindos que eu vivi,
Os sonhos, as conquistas,
Tira-me tudo o que não perdi.
*
Tira-me o céu, as estrelas...
Os momentos de felicidade,
Tira-me pouco a pouco,
Os desejos, a saudade...
*
Tira-me o sol das manhãs...
Todos os caminhos que percorri,
Todas as noites de esperança,
Tudo o que até hoje eu senti...
*
Tira-me o coração que vive...
Tira-me a alma que me guia,
Tira-me a vida... que sobrevive...
Tira-me a noite, tira-me o dia.
*
Podes me tirar... podes me levar...
Só não me tires... só não me leves...
Esse brilho... Essa luz do teu olhar!



by (cacharel)

quinta-feira, dezembro 13, 2007

LUZ



A Luz do teu olhar

A luz do teu olhar
atravessa oblíqua a estrada o meu pensamento.
Percorre um tempo mágico
onde existem sementeiras, desejos, risos e devaneios.
Olho os canteiros de amores-perfeitos
erguidos ao sol, à vida e à esperança
do olhar de quem por ali passa.
É um tempo de obsidiante memória
que lacra a saudade em ramos espinhosos, intocáveis.
Mas esta terra por onde passo, por onde me trazes
não é minha! Não me pertence.
Os meus passos não ficam assinalados neste chão
empoeirado por onde os meus pés caminham.
Esta terra não me quer. Esvazia-me na minha marcha
não parada, não conhecida, não reclamada.
As gentes de olhares destemidos indicam-me a planície
lá ao longe, distante, envolta em brumas,
cardos e pedras. Aí, dizem-me, é o meu chão.

A luz do teu olhar vale-me na busca do meu destino
e faz-me seguir rumo àquela planície, que anseio
igual a um amor anunciado, sentido e guardado
num canteiro enviesado
em qualquer esquina da vida.
Os olhos indiscretos das gentes,
intrigados pelo meu levar,
acostumam-se a um sentir mudo
calado, vestido de silêncios fartos,
ancorados nesta viagem que agora teimo em seguir
descalça, nua, de olhar turvo e arfar ligeiro.
Respiro o ar frio daquela serra longínqua
que me atravessa o olhar e me sustém o riso.
Na minha essência acalento a esperança
de um dia a ter-me aos teus pés


E continuo o meu trilho,
meu passo sem rasto.
Do alto sinto o planar altivo de um milhafre
que rompe os céus abundantes
com a sua imponência celestial.
Um voar livre, solto, audaz.
A sombra desse voo
desenha círculos no meu chão,
aquecendo as pedras duras que piso
dando-me um pouco de paz,
na sua sublimidade de penas.

O teu olhar de luz
é a minha meta, o meu destino.
É então que no meu infinito cansaço
lanço-me aos céus, esquecida da poeira
que me pesa o caminhar,
num igual voo primeiro
em busca desse calor sentido.
Ninguém poderá agora aparar estas asas
que neste corpo se soltam da minha carne rasgada,
iguais às do meu milhafre altivo e corajoso.
Sou agora ave feliz, livre, guiada nas asas de um sonho
pela voz de um desejo, do meu amor sem fim.
Seguindo a luz do teu olhar.
Sei agora o que quero,
o que posso,
o que vou encontrar…



Blog Maresia e Luar